quarta-feira, março 08, 2006

Reflexões de Eu e o Universo II

Alma impura...

Òh alma impura que sou eu, porque te escondes de mim e não em mim?!
Onde vais tantas vezes sem que regresses a mim?!
Que te faço, para tamanho afastamento?
Repudio-te com os meus pecados?
Mas não tens também tu, os teus?
Porque há pecados do corpo e pecados da alma, sei-o eu...
Então, porque te envergonhas de mim, se não me envergonho eu de ti?!
Tivesse eu a certeza de que vives de mim e castigava-te...
O mais provável, é que viva eu de ti e talvez por isso me castigues!
Anda!!!
Perdoemo-nos um ao outro e façamos as pazes, para que possamos caminhar juntos no que eu sou verdadeiramente...
Somente assim nos tornaremos mais fortes naquilo que sou:
- eu, na terra, com a convicção de que tudo vale a pena;
- tu, por esse universo fora, mais experiente na construção de mim...

Fujo por instinto...


Caio de súbito, nas profundezas de minha memória implícita, herdada de genes que me habitam...


O passado transpira em minha pele, as estimulantes experiências deste corpo que me suporta a alma amedrontada!


Reagem-lhe os sentidos, nesta reacção química que desperta o fluxo sanguíneo de minhas tensões acumuladas...


Meus músculos contraem-se num presságio de fuga, e minha dor morre por instantes no sangue que se segura sem querer verter...

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Janelas...

A janela do meu quarto tem vista para a rua;
A janela da minha mente tem vista para o Universo;
A janela da minha alma, fechaste-a!!!
Por quanto tempo?! Não sei...
Alguém virá para voltar a abri-la?! Tão pouco o sei...
Todos os dias me lembro disto; não sei bem porquê, não sei bem por quanto tempo mais...
Mas sei que já passou algum tempo, e as sombras e os fantasmas ainda moram aqui!!!

Medo...

Passeio pela calçada, onde almas temerosas se cruzam comigo, num bater descompassado de corações que se escondem do mundo...

São almas de pessoas cheias de segredos temerosos, envoltos na escuridão de silêncios absolutos. Silêncio de desabafos emergidos no fundo do espírito, cansados de ninguém os ouvir!

São almas de pessoas sem espírito para continuar a lutar, de pessoas que desistem por medo do “que virá depois”, de gente que teme perder sem compreender que mesmo as vitórias pedem sucessivas derrotas...

São corpos que transportam cabeças cabisbaixas, de dor abastadas, tomadas por uma possessão irreversível de medos sem sentido. Evitam conflitos com manobras audazes, transportando depois consigo, gestos irrequietos e assustados de medo dos demónios que podem voltar a qualquer momento. Demónios que podem ser muitos e que nos atormentam. Demónios que somos nós que criamos ao fugirmos das lutas que são nossas. Demónios que nos vencem quase sempre!!!


O medo é, regra geral, o nosso pior inimigo e a base de todos os nossos males.

Sem medo, pertenço a mim mesmo; com medo, pertenço ao que me amedronta...

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